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Gabriela Macari Ribeiro, 17 anos, acadêmica de Biotecnologia na UFGD, residente em Dourados.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Perguntas


Cai. "Nossa Gabi, doeu?". Ligo no moto táxi. "Mas você sabe pra onde vai?". Vejo televisão, o cara mora do lado do lixão. "Mas moço, é ruim morar aqui?". Me encontram no mercado. "Ah, o que você tá fazendo aqui?". Ligam na minha casa. "Gabi, onde você tá?". Cara, ninguém sabe o quanto me irrita perguntas assim. São apenas indignas de respostas. Ainda reclamam se respondo com ironia. Mas por favor, não me pergunte coisas óbvias. Mesmo quando eu chegar em casa toda molhada depois de uma tempestade e você ficar morrendo de vontade de me perguntar "Tomou chuva?". Tem gente que não merece resposta, merece tapa na cara. Perguntas sem noção, geralmente vêm de gente sem noção. Desculpe-me companheiros, eu sei o quanto é irresistível fazer perguntas que possuem respostas óbvias que por incrível que pareça, nós já sabemos. Apesar de ser irresistível, eu evito. E quando faço, respondo a mim mesma, antes que me respondam com aquele ar irônico, o qual não pode ser julgado, pois qualquer responderia da mesma forma. Pra pergunta tosca, resposta irônica é remédio. Mas sabe o que é mais engraçado? As perguntas mais toscas são as mais clichês. Não saem do nosso dia a dia. Na maioria das vezes é mais de uma pessoa que as usam. Impressionante a capacidade dos seres humanos de serem iguais até nisso. Impressionante. Iguais até no modo de irritar. Pior que fazer perguntas toscas é fazer perguntas toscas pra puxar assunto. A mais comum é "Novidades?". Todo mundo já sabe a resposta não é mesmo? Além de pergunta tosca, tem pergunta tosca e inconveniente, do tipo "Com quem você ficou ontem?", "De quem você gosta?", "Quantas pessoas você já ficou?". Poxa vida, pergunta se a rua da minha casa é asfaltada, mas não pergunta coisas que é desrespeito só a mim, porque sério, tem pergunta que dá até desgosto. Mas, se você necessita perguntar alguma coisa pra alguém, pergunta como tá o pai, a mãe, o irmão, os avós, o cachorro, o quarto, as roupas dessa pessoa, mas não faça pergunta tosca. Sem querer generalizar, mas por incrível que pareça, até hoje não encontrei ninguém que adore responder essas perguntinhas legais que fazem. Se eu cair, dê risada, mas não pergunte se doeu. Taxistas, se eu ligar pra um de vocês, pode ter certeza, sei bem pra onde quero ir, não é porque tô afim de dar um rolê com você. Repórter, se alguém mora em um barraco do lado de um lixão não é porque é legal, gostoso, divertido, é porque não tem condição de arrumar um lugar melhor pra viver. Galera que me encontra no mercado, geralmente eu vou até lá pra comprar alguma coisa pra comer ou meus cremes de hidratação capilar, pode ter certeza que não foi no intuito de encontrar nenhum de vocês. Ah, se ligam na minha casa, é claro que estou em casa. Nunca tenho novidades. Quantas pessoas eu fiquei ontem, quantas pessoas eu ja fiquei, de quem eu gosto, não é desrespeito a ninguém e essas perguntas são extremamente irritantes. Me fazem pensar "Óh Deus, que merda é essa? Tenho que responder?". Chega de perguntas toscas por hoje pessoal, chega! Porque sei que pra amanhã tem mais, muito mais, já é tão normal que chega a ser estranho ficar sem.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu por mim


Você estava longe de ser meu herói, te coloquei perto demais disso. As coisas acontecem quando têm que acontecer. Eu não estava pronta para ser a mocinha salva e nem você para ser o super homem que imaginei. Por que agora é tão difícil acreditar em você? Por que agora tanto faz se você tá perto? Nada de encantos para essa noite, só desejo que se dane tudo. Mais uma vez, o mundo girou, 360º e aqui estou eu, no mesmo lugar. Das vezes que pensei que poderia ser diferente "Que tudo isso foi feito para mim e você.". Tô lembrando da sua vontade de fazer a diferença. Ela ainda existe? Poxa... essa noite se foi. Como todas as noites que ainda se vão, em vão... Porque sinceramente não quero mais sonhar com você, não quero mais imaginar você, não quero mais fazer planos com você. Estive perto da queda, necessário para acordar e parar de confundir sonho com realidade. Desejo com paixão. Palhaçada com seriedade. Uma pitada de raiva pra amenizar os golpes do que eu chamaria de amor a umas horas atrás. E você? Está agora dormindo ou pensando nas palavras lindas de amanhã, nos joguinhos fantásticos? Estou escrevendo com meus milhares de pensamentos desenrolados. Não sou uma mocinha não é? Mas ainda bem, porque você também não é o super herói que  imaginei, que pintei, que sonhei. Sinceramente? Não queria ser nada. Só queria fazer bem a quem me fazia bem, quando então vejo que o que mais me faz bem sou eu mesma. Você não é um príncipe e eu também não sou uma princesa. Palmas para você, que chegou perto de me levar pro céu. Palmas para mim, que acordei a tempo, antes de ser derrubada das alturas. Como é bom olhar as horas e não se importar novamente, como é bom deixar meu celular desligado e não ter vontade de ligar e nem de receber alguma ligação sua. Como é bom estar confortável comigo mesma, ciente de que meus sonhos mais uma vez foram guardados. Conformada. Assim que estou. Pronta para não esperar demais. Nem aí com nada. Defina-me? Tanto faz. Não vejo mais problemas em ser ruim pra você e boa para mim. To bem. Os dias vão passar. Ficar assim, sem amor e sem ninguém. Sem obrigações, sem minha mania de querer. Por que você? Tantos outros aí, pra eu escolher. Por que você? Tantos outros que querem me querer. E então, por que você? E por que eu? E por que nós? Por que eu perderia meu tempo com você? Por que sonhar contigo? Ficar fazendo planos enquanto eu poderia estar dormindo? Pra que ficar desenhando seu rosto em minha mente enquanto eu posso seguir em frente? Pra que querer só você enquanto queres a mim e a mais três? Pra que te colocar em primeiro lugar sendo que dependo só de mim? Pra que ficar assim? Pra que ser por você se eu posso ser por mim? Prefiro ficar sem saber. Estamos voltando para o começo, voltando para os dias em que não preciso de ti. Voltando para onde é cada um por si. Assim que quero, você por você e eu por mim. Mais nada.

domingo, 19 de agosto de 2012

Feito vidro


Dia normal... Eu estava fazendo minhas coisas como de costume. Lavando a louça do café da manhã quando um copo escorregou da minha mão e espatifou-se na pia. Fiquei olhando o movimento que a água fazia ao chocar-se nos pedaços de vidro e o quanto brilhava cada pequena parte daquele copo. Vidro... Várias coisas passaram pela minha cabeça em questão de segundos, quando então comparei um material qualquer às pessoas. O brilho fica tão bonito nelas, mesmo quando quebradas. O mais engraçado é que assim como o vidro, as pessoas em pedaços são muito mais perigosas, prontas para cortar quem ousar mexer com elas. Tão lindas, tão diferentes e compostos por um mesmo esquema. Algumas são mais resistentes, enquanto outras são mais frágeis. Uns não brilham tanto, enquanto outros exalam iluminação por aí. Talvez fosse só algumas semelhanças, mas não. O vidro tem que ser cuidado e mantido em mãos de quem tem capacidade para zelar por ele, caso contrário pode tornar-se uma arma, pode ser altamente perigoso. Vão dizer que é paranoia da minha cabeça, mas aquele simples copo quebrado me levou à situações recentes, ultrapassadas e que ainda virão. Algumas vezes somos quebrados como vidro, outras somos zelados, um dia perigosos, outro frágeis demais, semana que vem lindos e brilhosos, mês que vem vazios e sem utilidade. Apesar de muitas semelhanças, o que nos difere é o que nos torna melhores. O vidro pode ser o que nós quisermos que ele seja. Copo, prato, taboa, mesa, janela, porta, lustres, enfeites de todos os tipos. Enquanto nós, podemos ser o que quisermos ser, sem que ninguém escolha ou faça por nós. Ser dependente e pensar por si mesmo é ser livre, mas nem toda matéria tem opção de escolher pensar por si e as que tem nem sempre fazem a escolha certa.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Chocolate com pimenta


Um pouco de irritação e um pouco de amor. Era assim. Ele achava isso legal e diferente. A chamava de paraíso e salvação do inferno. Talvez isso a enchesse de responsabilidades e medos. Possivelmente ela fosse apenas a salvação e logo se tornaria um inferno, como o outro. Ficava em silêncio a noite. Mal sabiam todos o que se passavam naquela cabeça. Os olhos transpareciam durante o dia toda a vontade de uma noite, mas não os pensamentos mais doloridos que tinha tido. Antigas decepções fazia com que um pé ficasse atrás. Nada de se jogar de um precipício do qual não se sabe a profundidade. Pensar ser cedo demais pra se apaixonar, mas quem é que disse que se escolhe tempo para isso? Não cansavam de dizer "Apenas acontece" "Em sete dias?" "Pode ser" "Mas não tem como." "Quando acontecer com você, vai saber que tem.". Dito e feito. Pouco tempo que gera insegurança. As coisas aconteceram rápido demais, talvez durem pouco demais, e acabem cedo demais. Ela estava com medo, mas nada de voltar atrás. Queria seguir em frente e isso é o que ela faz. Ora queimando de amor, ora queimando de raiva. Ora queimando por fora, ora queimando por dentro. Ela queria estar com ele, ele queria estar com ela. Acreditam que isso basta. Talvez baste, talvez não. Mais tarde pode doer, mas se não tentarem, não vão saber. Ela continua com uma visão pessimista... Ora quer adorar, ora não quer. Ora quer se entregar, ora tem medo de sofrer. Mas não se breca, não se freia. Só faz por onde... Ele a quer, ela o quer. Se querem. Vai lá, tentar. Se cair, levanta, mais uma vez. Para de insegurança garota, chocolate com pimenta. Você é doce e depois arde. E nessa de ora ser doce, ora ser ardida desperta as mais gostosas sensações que ele ainda não havia sentido. Nem você mesma sabia que poderia fazer isso. Fazer bem, tão bem quanto te fazem.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Talvez


Talvez eu goste dele pelo jeito que ele me olha ou então pelo modo que se veste. O jeito que fala e as coisas que saem daquela boca maravilhosa, junto com aquele sorriso que me deixa louca. Talvez eu goste dele por causa das brincadeiras, dos joguinhos, das risadas e das piadinhas. Porque ele não se importa de passar a tarde toda comigo e ainda conversar horas no telefone sem acabar assunto. Talvez porque ele me surpreende, me mima, me elogia e ri de algumas coisas que eu falo. Talvez eu goste dele porque quando ele senta do meu lado ele quer me puxar pra perto, cada vez mais perto e porque também sinto vontade de estar próxima. Sinto vontade de abraçá-lo, de beijá-lo, de escutá-lo. Sinto vontade dele. Talvez eu goste dele porque até o jeito que eu sento é motivo pra um elogio, sincero, estampado nos olhos. Porque ele não esconde o quanto quer me proteger, o quanto quer gostar de mim e o quanto faria por mim. Talvez eu goste dele porque foi inesperado, porque estávamos próximos o tempo todo e ninguém viu. Nem nós. Talvez eu goste dele porque não precisamos de responsabilidades, apenas de querer estar junto. Isso bastou e ainda basta. Nada de acomodações, nada de paixõezinhas efêmeras. Talvez eu goste dele porque é recíproco. Eu faço por ele, ele faz por mim. Eu faço o meu, ele faz o dele. Nos juntamos, fazemos o nosso e sem mais. Assim tá tudo bem. Sem ciúme, sem possessão, sem cadeias, sem contratos. Do jeito que queremos. Do jeito que dá pra ser, dá pra levar. Talvez eu goste dele porque ele me deixa sem saber o que fazer, quando acho que sei lidar com tudo. Talvez porque eu vejo que não sei nada quando eu achava que sabia tudo. Talvez porque ele ri das minhas birras e me faz feliz quando estou brava. Talvez eu goste dele só por gostar. Talvez um dia isso acabe ou então dure por muito tempo. Só sei que aquela companhia me faz bem, tão bem que me faz querer fazer o mesmo. Mas só quero que fique. Que fique agora. Que fique hoje. Só mais hoje e mais amanhã. Só fique, porque não quero soltar quem me faz bem.