As coisas estavam indo tão bem, até que as noites chuvosas e frias chegaram. Observei o céu que já não tinha estrelas, os pingos da chuva caiam e encostavam na minha janela. Era só mais uma noite e eu era só uma garotinha com medo dos trovões. Cada raio iluminava a minha sala, eu não queria estar aqui. Procurei uma maneira de me esconder dos barulhos assustadores e imaginei você. Porque eu sei, que se você estivesse embaixo da chuva me esperando, eu não teria medo. Porque se você dissesse "Eu quero ficar", eu enfrentaria todas aquelas tempestades. Era só mais uma noite, e ela buscou você nos meus pensamentos, enterrado. Não me importaria se você virasse as costas, mas me atendesse quando eu sentisse medo. Os trovões me atordoavam e a sala cada vez clareava-se mais. Chorei. Chorei porque sabia que meu medo era maior que qualquer coisa, sabia que minha duvida havia sido sanada, mas a resposta não foi a que eu queria. Você estava ocupado demais pra se lembrar de mim, a pequena garota que tem medo de trovões e tempestades. Fechei os olhos, sequei meu rosto encharcado pelas lágrimas e desejei que voltasse todas as estrelas para o céu, que a chuva parasse, que a lua brilhasse novamente e refletisse você, que também voltava para mim. Quando abri os olhos, nada disso tinha acontecido e meus medos continuavam a me atordoar. Me encolhi no canto do sofá e chorei até dormir. Os trovões estalavam na mesma batida do meu coração, que perguntava para mim sobre o meu dom de estragar tudo. Eles acham mesmo que eu queria assim? Eles acham mesmo que eu estou bem? Eles nem querem saber. A madrugada estava fria e meu celular não dava nem sinal de chamadas. Você não me ligaria no meio da madrugada novamente pra saber se eu estava bem. A noite continuaria, sendo longa, a não ser que eu dormisse. A tempestade estava se acalmando, meu coração desacelerando. Você se foi, me deixou sozinha. Mais uma noite, e isso me tornaria cada vez mais fria. Não devo esperar que você realmente se importe, não devem esperar que eu realmente esteja bem. Ele não vai saber do meu medo de trovão, nem das lágrimas que lavaram meu rosto e muito menos que ele era meu herói, até aquela noite que ele me deixou sozinha, atordoada pelo medo dos trovões, pelo medo da tempestade, pela dor de não tê-lo mais e nem dos sorrisos que desperdicei cada vez que falavam dele para mim. Então eu entendi, que eu estava sozinha, e assim era como eu teria que enfrentar meus medos, até as tempestades e noites frias, ninguém estaria do meu lado, pra dizer que tudo ficaria bem amanhã, que o sol vai voltar ou então que a lua ainda vai brilhar como antes. Teria de descobrir tudo isso sozinha, encolhida no sofá, esperando a tempestade passar, as lagrimas secar e o coração desacelerar.
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