Eu sei que fui eu quem foi embora. Sei
que é indecente da minha parte pedir para que não se acostumem com a minha
ausência. Mas é só porque não me acostumo em estar ausente. As noites,
as tardes e as manhãs ficaram vazias. Meus sorrisos ficaram tristes em ritmo
com meu olhar. Meu coração não acelera, final de semana não é mais tão
esperado. Eu não tenho em que pensar antes de dormir, só tenho sentido saudade.
E dói. Dói não sentir tanto.
Mês que vem é meu aniversário e
diferente de todos os anos, eu não estou ansiosa para que ele chegue. É difícil
não ter muita escolha sobre os seus passos e pior ainda é não saber para onde
quer ir. To sentindo falta de ter pra onde correr quando a dor resolve doer. To
sentindo falta de ter com quem falar sem me preocupar se a pessoa vai se cansar.
Mas não tiro a razão de ninguém, não é fácil se aproximar de quem insiste em se
isolar.
Preciso muito melhorar e encontrar
um motivo pra continuar. Desculpe parecer um pouco melancólica demais. Quando
não tem alguém pra quem eu possa dizer, só me resta escrever. E só resta pouco
do que eu fui. E agora eu sou os restos do que eu era. Não me julgue tão
covarde por querer esconder essa confusão que eu sinto agora. Encontre-me e ajude-me a me encontrar.
Os dias estão passando depressa, os
próximos anos da minha vida serão decisivos e eu ainda não me decidi nem pelos próximos
dias. Taí alguma coisa pra eu pensar antes de dormir, uma preocupação para
sentir além de saudade, um problema para me distrair. Espero que eu seja
lembrada, por pelo menos alguns segundos, em alguns momentos e em alguns
lugares, que as pessoas que amei tenham me amado, que meu coração não esteja se
partindo em vão. Espero que eu encontre outras dez mil pessoas que me amem
muito mais. E pela primeira vez, desejo em silêncio, com lágrimas escorrendo
pelo meu rosto sem que eu queira, que eu ame outras dez mil pessoas, que eu as
encontre e mais do que isso, que eu me encontre sem vontade de olhar pra trás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário