Quem sou eu

Minha foto
Gabriela Macari Ribeiro, 17 anos, acadêmica de Biotecnologia na UFGD, residente em Dourados.

domingo, 18 de março de 2012

ESPERANDO ELA VOLTAR

     
Meu nome é Carlos Eduardo. Tenho 25 anos e acho que encontrei o amor da minha vida. Estranho, sempre achei que nunca amaria ninguém. Minha vida inteira, fui galã entre as mulheres e sempre tive todas que eu queria. E dessa vez, teve tudo pra não ser diferente...
Era uma terça-feira, o sol estava se pondo. Eu estava voltando do serviço, como de costume, pelo mesmo caminho, quando resolvi entrar em um teatro. Havia muitas pessoas. Quando as luzes apagaram, todos se sentaram e eu achei um lugar e me acomodei. Sentei. Quando as cortinas se abriram, me deparei com uma linda mulher sobre o palco. Não tirei o olho daquela moça a peça inteira e senti necessidade de conhecê-la.
Ao acabar a peça, me dirigi ao palco. Me infiltrei entre os organizadores da peça e entrei no camarim. Ela estava lá, sentada, em frente a um espelho. Os olhos negros pareciam duas jabuticabas, a boca vermelha e o sorriso lindo. Os cabelos longos e louros. Eu estava ali, a observando. Mas ela não me viu. Cheguei mais perto e puxei assunto:
- Você estava linda na apresentação.
- Obrigada.
- Como é o seu nome?
- Eu é que te pergunto, qual é o seu nome?
- Carlos. Carlos Eduardo. Pode me falar o seu?
Ela apenas levantou e saiu.
Não entendi o porque ela não quis me dizer o seu nome. Ela saiu de lá e eu sai logo em seguida.
No dia seguinte, jurei que minha rotina seria normal. Mas aqueles olhos negros não saiam da minha cabeça. Eu realmente precisava ver aquela mulher de novo. Voltei ao teatro, após o serviço. Ela estava lá. Quando a peça terminou, entrei no camarim  novamente, desta vez, ela resolveu conversar comigo:
- Mas você aqui de novo? Carlos Eduardo, não é?
- De novo. Resolvi voltar até aqui, adoro teatro.
- Fale a verdade. Meu nome é Sofia. Por isso está aqui, não é?
- Sim, não há como te enganar mesmo hein? - Sorri.
- Não, realmente não. Acho que não sou tão boba. - Ela riu e continuou - Aceita jantar?
- Mas o quê? Até então, não queria nem falar o seu nome, e agora me chamando para jantar?
- Ok, se você não quiser, eu vou sozinha. Estou indo. - Saiu andando, com pressa. Corri atrás dela e puxei o seu braço.
- Não disse que não queria, apenas me surpreendi. Para onde vamos?
- Lanchonete. Amo lanches.
- Que estranho. Eu também. - Ela sorriu e fomos.
Ela me contou sobre sua vida. Que morava sozinha, amava animais e amava teatro. Saiu de casa muito nova para viver a vida de atriz. Não se arrependia nem um pouco disto. Entrava em contato com a família raramente e não sentia falta. Levava a vida sozinha e parecia ser muito feliz por isso.
Após horas de conversa, ela teve que ir. Me passou seu telefone e eu passei o meu. Insisti para que ela aceitasse que eu a levasse embora, mas ela rejeitou até que eu desistisse.
No dia seguinte, eu resolvi procurá-la. Liguei para ela.
- Alô, Sofia?
- Oi! Como você está?
- Eu tô bem e você?
- Estou bem. O que foi?
- Podemos nos ver hoje a noite?
- Por qual motivo?
- Vamos lanchar juntos.
- Ok, pode ser. Após a peça, passa aqui no teatro. E aí vamos.
- Ok.
Ela desligou.
No horário marcado eu estava lá. Entrei no camarim, à encontrei e saímos. Ela me levou no lugar que ela mais gostava de ir. Era lindo. A lua refletia no mar e as estrelas pareciam mais próximas que o normal. Ela adorava estar ali. E eu também, adorava estar ali. Ou melhor, em qualquer lugar que ela estivesse.
Passaram vários dias. Todos os dias nos víamos. Ela sabia da minha vida e eu da vida dela. Cada dia conhecíamos um lugar diferente. Sentia necessidade de estar com ela. Talvez ela fosse minha melhor amiga ou então, o meu melhor e único amor.
Um dia, resolvi chamá-la para ir ao cinema. Ela aceitou e nós fomos. Após o filme, saímos rindo feito crianças, sentamos em um banco da praça, ela encostou em mim e olhou em meu rosto. Não hesitei em a beijar. Foi a melhor sensação do mundo. Quando paramos o beijo, resolvi que estava na hora de falar para ela tudo que estava acontecendo, e comecei:
- Sofia - meus olhos brilhavam - Eu juro que não entendo. Sempre acreditei que nunca me apaixonaria por ninguém, mas desde o momento em que lhe vi pela primeira vez naquele palco, senti meu coração acelerado. Senti que você era especial. Pra te falar a verdade, eu não sei explicar o que senti. Sempre tive uma noção de que o amor é algo completamente concreto, mas te conhecer me fez entender seu lado abstrato. Me desculpe... Me desculpe. Eu acho que... Eu te amo.
Os olhos dela brilhavam, eu não sei o que se passava, ela levantou e saiu correndo. Entre a multidão, não a encontrei. Tentei ligar no seu celular, mas ela não atendia.
Ficamos dois dias sem nos falar e ela não me atendia. Fui até o teatro, mas ela não estava lá. Perguntei sobre ela para as pessoas, mas ninguém sabia de nada. A procurei em todos os cantos da cidade, e então lembrei do lugar que ela mais gostava. A pedra perto do mar. Estava a noite, provavelmente ela estaria por lá. Quando cheguei, encontrei uma carta, com meu nome, sobre o lugar que sempre sentávamos juntos, senti minhas pernas tremerem e demorei mais de uma hora para ter coragem de abrir a carta e ler, até que então, decidi que deveria ser forte naquele momento. Jurei para mim mesmo, que não me quebraria, independente do que eu lesse ali. Então abri a carta. E comecei a ler.
"Cadu, eu realmente me surpreendi com a sua declaração. Talvez eu tenha te decepcionado por ter ido embora, sem ao menos me despedir. Isso mesmo, eu fui embora. Quando você ler essa carta, talvez eu esteja muito longe. Eu fugi, fugi do que eu estava sentindo. Bom, esses dias que passei ao seu lado, foram os mais felizes que eu já tive. Você sabe, sempre fui muito sozinha. Na minha cabeça, ser sozinha é uma espécie de segurança, não sentir necessidade das pessoas não me causa sofrimento e principalmente: nada que me façam me machuca, a unica culpada pelo que acontece comigo, seria eu mesma. As pessoas tem mania de culpar os outras, pelo seu próprio sofrimento. Mas quem manda elas se apaixonarem? Pois é, não vou negar, me apaixonei por você. E por isso, tive que ir. Não quero ter necessidade de você. Não quero ter você ao meu lado e não quero precisar de você. Seria o mesmo que... estar me sujeitando ao sofrimento. Me desculpe... Eu não queria deixá-lo assim. A unica mulher que sempre invejarei, vai ser aquela que tem o seu coração, pois eu não tive a capacidade de segurá-lo e tomar conta dele. Me desculpe Cadu. Mas não importa aonde eu esteja, não existirá um dia que eu não pensarei em você. Talvez, você nunca mais me veja, mas se for nosso destino ficar juntos, vamos nos reencontrar e eu estarei preparada para segurá-lo. Te amo mais do que qualquer coisa e até do que eu mesma. Com amor, Sofia."
Meus olhos latejavam e minhas pupilas se dilatavam. Não conseguia segurar as lágrimas que escorriam pelo meus olhos. Eu fiquei ali, sentado, durante dias. Sem fome, sem banho, sem comida e sem sono e ficaria ali por muito mais tempo, se aguentasse... Esperando por ela. Esperando ela voltar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário