Ao me ver na frente do espelho sinto-me em um confronto comigo mesma. Fico me observando, as vezes olho nos meus olhos. Fico ali parada, durante minutos e minutos, só me olhando. Mas eu não vejo apenas a mim, milhares de coisas a mais, eu vejo várias coisas ao me olhar no espelho. Como se por trás de mim existissem diversificadas pessoas, variados sentimentos, enfim. Logo, me perco na imensidão de sorrisos que eu posso ter, ideias malucas. Me perco nos meus diversos disfarces, nas minhas 'caras e bocas'. Repentinamente, começo a imaginar histórias e como eu agiria em situações malucas e tão engraçadas. Imagino as fotos que eu ainda vou tirar, os garotos que vou conhecer, os sonhos que vou construir. Depois começo a me lembrar de todas as mágoas que eu tive, das pessoas que me decepcionaram e vejo por um instante uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Viajar no tempo não é só encontrar coisas felizes não é mesmo? Os momentos difíceis são os que nos faz aprender, são os que constroem a nossa história. Imagino não me conhecer bem, sou minha melhor amiga e também minha maior inimiga, por ser a unica que conhece realmente do que eu sinto, o que me machuca, o que me destrói. E o que me alegra, o que me alucina, o que me faz feliz. É. Confuso mesmo. Continuo a me olhar, fico me observando, fazendo brincadeiras com meu cabelo, jogando ele pra lá e pra cá, pra ver da forma que fica melhor. Lembro do que fiz ontem, ante ontem, semana passada, ano passado.... E viajo. Cada vez que me olho no espelho me sinto em uma viagem nova, e mesmo olhando o meu passado todo dia, encontro coisas novas. Não me sinto uma atrasada. Sinto que estou revivendo. Dedicar 15 minutos do meu dia, pra essa viagem fantástica de apenas me olhar na frente do espelho. Não é perda de tempo. É se conhecer. Pelo menos um pouco.
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